7 de nov. de 2008

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Nenhuma arma acerta melhor seu alvo que uma língua afiada.

17 de jul. de 2008

Whitebottom, e agora?

Um conjunto para ser um conjunto tem que seguir algumas regrinhas. A gente aprende isso desde cedo, quando a professora falar que os elementos pertencentes ficam boiando dentro de uma linha que fica entre uma ameba ou um – pra quem é dessa época – um membro da família Barbapapa. A sábia professorinha também costumava confinar os tais elementos entre duas chaves. Enfim, numerais assim soltos no nada não contavam como conjunto. Se você nunca foi bom de matemática ou não tem uma memória prodigiosa, há um exemplo mais simples e mais cruel: o amiguinho que ficava sentado com a lancheirinha brega e a pior das merendas no canto, sem companhia, de óculos fundo de garrafa e aquele aparelho que mais parecia uma tortura medieval. Um pequeno indivíduo como esse não fazia parte do conjunto...

(Aos curiosos e desmemoriados: mami e papi Barbapapas)


A gente cresce e vê que as regras matemáticas também se aplicam às sociais. Todos precisam encontrar seus pares. Note que os numerais (femininos) ímpares ficam sobrando após os 30.... A conta simplesmente não bate. O que confere ao mercado uma boa renda em filmes, cosméticos, drinks da moda, regimes mirabolantes e tudo quanto é alternativa ao malfadado almoço com as tias no final de semana.

Com tanta atividade hoje as tais regras são muitas: é dress code, é linguagem fast forward para MSN, vocabulário correto para se dirigir a idosos e a negros, etiqueta (vc pensa que ser chic é fácil?), inteligência emocional e jogo de cintura by the book para não se degladiar e nos pequenos corners dos offices.... (deixando de fora toda a tormenta do manual de como discutir a relação com elegância, isso vale outro texto)


Bem, eu queria saber do meu mais novo ídolo, o Mr. Whitebottom, uma fina criatura que assina uma coluna de bons modos para a Piauí - não precisa ter preguiça que são várias dicas curtas, dá tranqüilamente pra ler uma ou outra sem cansar e ainda dar pinta de intelectual com aquele calhamaço colorido nas mãos – como é o amantes code. Mulher do chefe pode tudo? Vale mais se for a oficial ou a outra?

= Para que compreendam a maestria nos conselhos do guru Whitebottom, ele sugere que para colocar pacificamente um triângulo em uma mesma mesa de convivas civilizados, a anfitriã pode tomar o cuidado de colocar dois homens (fortes) entre marido e mulher e posicionar a amante (ou o amante, sejamos modernos como os tempos urgem) em frente para a tradicional roçadinha. (o que o finérrimo Mr. Whitebottom deixa claro não funcionar em casos de tampos de vidro)


Bom, mas afinal o que fazer com uma mocréia que se acha “a tal” em campo profissional? Como dar o amarelo seguido de um vermelho para a mina que o chefe está pegando??? (sim, pq ninguém tão incompetente poderia ser tão arrogante caso não tivesse as costas quentes - no caso, aquecidas e friccionadas pelo homem que paga o seu salário no final do mês)

Recebi um e-mail incrível, no sentido de inacreditável, em verdade inimaginável, estapafúrdio mesmo, de uma das estagiárias hoje. Ela basicamente ‘queima’ a minha gerente de projeto e diz que eu faço uma direção incompetente da equipe. Assim, sem maiores constrangimentos ou salamaleques. Afirma com veemência que os meus atrasos são injustificáveis (a menina é freelancer e tenta enfadonhamente regular os meus horários à distância.) (Hein?!). Como assim eu não respondo prontamente aos e-mails dela? Será que não vejo que a estou pondo numa situação incômoda de ócio??? A tal mocinha ainda faz questão de me alertar que há uma pessoa ‘entre nós’ que fica ociosa um dia da semana... Minha filha... alowwww vc não tem nem 20 anos, se quer ajuda para gerenciar o seu tempo aí vai um conselho sábio: vá ao cinema no meio da tarde que você ainda pode, em vez de ficar me destemperando com rabugices!!!

Me pergunto o que ela diria ao Criador em pleno domingão, naquela horinha em que, depois da macarronada com porpetas, frango e farofa, ele se deitasse à sombra de uma frondosa árvore recém-criada coçando o barrigão satisfeito uma para curtir sua obra-prima....

Confesso que fiquei na dúvida sobre o comportamento da pupila insubordinada, se era falta de noção ou excesso de coragem. Deve-se ensinar o bê-á-bá a uma criatura imatura e malcriada dessas ou parabenizá-la por estar adentrando a vida adulta com cara de pau de veterana?




29 de mai. de 2008

dani and the city


Levar uma vida simples custa caro. Até a revista na banca custa caro pelo seu tamanho esquálido... uma espessura que não tem consistência nem pra servir de abano numa tarde de calor. Isso sem contar que a margem branca ocupa quase a metade da páginas. É o layout clean...suuuuuper moderno. Pior que é, muita gente nem tem tempo pra ler tantas páginas, menos ainda tão cheias de letrinhas. Eu acho que a gente deve fazer o tempo pras coisas, mas enfim, não se pode negar que é uma excelente sacada comercial. Simples.

Menos é mais. Fala aí? Brilhante!

Mas curtindo um momento de menos preocupação e mais satisfação, eu diria que vivi um momento bem básico, mas claro, ao mesmo tempo entulhado. Aproveitando a onda – eu também vou tirar a minha casquinha uai – diria que sair da fisio em plena faria lima de tênis, legging, casaqueto verde limão, jaqueta de couro branca, bolsa vermelha e óculos azuis, foi sem dúvidas, meu momento Sex and the City do mês. Imagina a figura ouvindo o ipod – que tem uma linda e fofa casinha cor de rosa – e dando uma passada na banca de jornais para pegar um exemplar fresquinho e uma revista. Faltou só um moka do Starbucks. Mas por pura preguiça, ele só estava a umas duas quadras!

Incrível isso, podemos agora declarar que temos mesmo mulheres temporariamente insanas desfilando modelitos extracoloridos totalmente impunes por aí em plena luz do dia. E pior: felicíssimas! Mas tem pior: eu sou uma delas!!!

Mas aquele solzinho da manhã de outono... quente na medida, os tênis confortáveis para andar entre as pessoas sem ser refém do trânsito estando isolada e lacrada dentro do carro... o cheiro de liberdade estava em tudo: nas roupas, na velocidade de cruzeiro, na trilha sonora em um cruzamento lotado... era pura magia do cinema acontecendo na vida real...

Espero que com a estréia do filme mês que vem eu passe a ser apenas mais uma na multidão, atravessando a Gabriel com a Faria Lima com uma bolsa que tem metade do meu tamanho – proporcionalmente eu diria que ela é maior – e sonhando com um Martini! Sim, porque ele vem no mesmo copinho fashion que o Cosmopolitan, mas como é transparente é mais fácinho de combinar. Vai com tudo!

Vida simples também tem glamour, pensa o que?



12 de mai. de 2008

luz e som e cheiro de hálito

Os melhores momentos surgem de experiências inesperadas. Os verdadeiros artistas são aqueles que falam para todos. São duas de minhas verdades.

Nunca fui fã, não conheço de cor os refrões das letras. Fui por acaso ao show do Nando Reis no antigo Palace e foi com certo prazer que constatei: algumas coisas são verdadeiras por sua singeleza. Luzes, flores, voz e acordes. A calma e a poesia acolhem ouvidos mais experientes, ousadia, volúpia e batidas viscerais seduzem os corpos mais livres. Num contexto coletivo de mãos e braços percebi que, na verdade, o que enche o ar é apenas luz e som e cheiro de hálito. Descobertas que fazemos aos poucos na vida e que nos definem como bicho humano. Experiências estas que acordam cada uma e todas as células do corpo. É simples assim, nos sentimos visceralmente vivos.

Mas nem só de instintos vive o homem...

Alguns podem ser altos, outros gordos ou magros, brancos, negros, amarelos, talvez rosados, abastados ou felizes, inteligentes e incompreendidos, miseráveis e calorosos ou, apenas, simples. Mas todos, todos sentem. É por isso que as melhores melodias são aquelas que nos falam de amor. Elas não apenas encantam, mas também confortam, nos aproximam em frases deliciosas como “... as lágrimas não secaram com o sol que fez” como parte de um todo, como pequenas peças de, quem sabe, um único coração partido.


Impressões: Neste momento ele busca as ruas do que conhece, do cotidiano de sua vida, parece um menino-maduro que se avalia sem pudores, parece perdido em suas temáticas, buscando o rumo de um lugar seguro em letras velhas conhecidas... Parece estar no caminho certo.

Obs.: A música que eu mais gostei é, aparentemente nova e ainda inacessível... no aguardo.

2 de mai. de 2008

Blog no divã


Alguns textos são deliciosos de escrever, cada palavra acrescentada parece um novo pequeno prazer que culmina em frases que se relacionam harmonicamente, enquanto outros, são o resultado escrito de uma confusão mental, são expelidos. Um incômodo que parece ser um inquilino problemático e barulhento dentro da nossa cabeça.

O texto do espaguetinho é um desses. Mesmo sem intenção ele funcionou. As pequenas mudanças realmente começaram a participar da minha vida pós-terremoto sem que eu realmente tivesse feito esforço voluntário para isso. Contabilizei neste feriado duas refeições em que eu não ataquei o prato alheio em incursões curiosas e isso porque, acredite, não houve curiosidade! Também não liguei de volta, não mandei e-mail, torpedo ou sinal de fumaça a respeito daquela ligação silenciosa que parecia tão incômoda. Parecia. Na verdade, não estou nenhum pouco incomodada em não saber de que se tratava o assunto que nunca foi discutido. Estou serena e em paz em assumir o que eu quiser sem ter comichões me dominando.

As frases mal temperadas do texto abaixo – se é que eu posso fazer um trocadilho com o lance do espaguetinho – parece que foram extremamente digestivas para os pensamentos que andavam constipando meus pensamentos. Nenhum nó muito complexo a ser desatado neste caso, mas a fórmula parece promissora. Uma terapia online. Online, porque aparentemente enquanto a gente não tem a força de dizer isso para que outras pessoas também ouçam é apenas meia verdade, tecnicamente não é considerado um exorcismo quando apenas o espelho ou o volante escuta essas confissões de autoconhecimento. Sem falar que dificilmente há um confronto, ninguém para tirar a razão.

Terapia em um post, another web wonder!

Então...Semana que vem? Mesmo horário?

24 de abr. de 2008

O Jogo do Espaguetinho

Se uma pessoa se define por suas ações, os hábitos diários seriam o tratado pessoal de cada um de nós. Provavelmente o que constaria dos autos, a rotina dos nossos mais intrínsecos comportamentos repetitivos.

Por exemplo, dentre os meus hábitos alimentares a minha compulsão é por massa. Nada como um bom macarrão com queijo para apaziguar qualquer ansiedade, confort food de primeira. Outro traço peculiar é o assalto descarado que performo com meu garfo nos pratos alheios, tomo de assalto bocados suculentos dos vizinhos sem o menor pudor. Afinal, toda refeição entre amigos pode ser um incrível menu degustação.

Saindo do campo alimentício – o que é uma pena, ainda poderíamos falar de outras gulodices tão tradicionais à minha pessoa – acho que seguimos estes comportamentos que nos rotulam, por vezes de maneira simpática, em outras áreas da vida. É preciso coragem para não levar o garfo até o prato do outro e pedir algo novo e ousado ao invés de desejar que o façam por você. (ok, voltei para a comida... mas é que era uma metáfora boa de mais para desperdiçar). Sempre escolher os mesmos parceiros no cardápio vasto da vida ou o mesmo tipo de amigos em vários círculos, pode levar a uma vida menos interessante e menos bem-sucedida. O pré definido, o pré escolhido pode ser um velho amigo, mas pode fazer parte de uma rotina de vícios que algumas vezes deveria ser quebrada, nem que fosse só por curiosidade.

Porque sofrer nos mesmos tipos de relacionamento? Por que ligar quando a gente sabe que não deve? Ver quando sabe que não vai ser nada digestivo? Engolir sapos de trabalho por que a vida é assim mesmo? Por que nunca começar o regime na segunda- feira? Aliás... por que segunda??? Que tal começar o regime na quarta?

Nos que tange a vida profissional acho que tenho dado bons passos, jobs interessantes e parceiros que acrescentam, estou fugindo como o diabo da cruz daquele espécime cliente-sangue-suga. Não há o que pague as rugas, o cabelo branco, a neosaldina e o omeprazol causado por esta síndrome de 'meu nome é trabalho'. Trabalho pode ser o nome do meio, eu ainda sou a Daniela.

No que diz respeito à comida, acho que é uma mudança a ocorrer apenas na próxima vida. Pretendo continuar surrupiando alegremente comidinhas alheias e 'manjando' belíssimas porções de massa – que podem muito bem ser de autoria própria, aquela 'limpa geladeira' que cria receitas inéditas e impossíveis de repetir e que ,por isso mesmo, não devem ser degustadas, mas celebradas! De preferência com um bom vinho e uma boa companhia.

Agora, o passo dado esta semana foi mudar uma rotina de relacionamento. Sabe o jogo dos palitinhos? Que temos que tirar um de cada vez sem mexer na pilha? Aquele de infância que parece um monte de espaguete colorido??? (: P) Pois é, puxei um. Não liguei de volta. O que poderia ter sido encarado como um retorno inocente, me pareceu desta vez um dos mais descarados. Um ex-rolo, atual amigo ou vice-versa ligou, foi o tempo de falar alô e caiu. Um silêncio se seguiu. Um nome que aparece assim no visor do celular não podia passar impune... Por que não?

Sempre eu tomo a iniciativa, ligo, pego, levo, (dou banho... mas não troco a fralda, ok?)
O que será que era??? Qual seria o assunto? Dinheiro? Carona? Sim, pq amigo, rolo ou 'sei-lá' gato só dá trabalho... não recomendo. Minha mãe já dizia: “minha filha.... homem bonito só dá trabalho...” As mães são quase tão sábias quanto as músicas de corno, impressionante!

Bom, depois desse comichão causado pela estranha aparição do nomezinho na tela... o cara.... Ligou pra você? Pois é, pra mim também não... Puxei o pauzinho – não liguei de volta. Não mandei torpedo também, senão não vale, né?
Pensei:
a) se foi engano, não deu a menor satisfação na seqüência do evento – tipo assim, nem ligou de volta;
b) se foi intencional qual o problema em ter insistido – tipo assim, vai saber qual era o assunto do moço?!;
c) se foi pra eu ligar de volta porque o cara é muito pão-duro azar. Pão duro não está no meu cardápio!!! Tipo assim: tô de dieta desse tipo de gente!!!!


Agora, quer saber? O tal puxãozinho no pauzinho teve uma reação imediata. Incrível como mesmo as pequenas mudanças têm um efeito devastador em nossas vidas. Quase cósmico. No meu caso, sísmico! Passados alguns minutos de silêncio e de não retorno, a terra tremeu: 5,2 na escala Rischter. Impressionante o funcionamento ágil dessa vida globalizada.



A foto eu colei do site da Helena, uma destas parceiras muito gente boa, boa de garfo!
helenadecastro.com

16 de abr. de 2008

Um sertão em preto e branco





Os grandes feitos começam com uma idéia despretensiosa, uma conversa informal, um primeiro passo cambaleante e, às vezes, quem sabe, de uma frase que lemos em algum lugar... sobre alguma coisa...



O Tico da BOBSTORE foi pego em um destes momentos, em um e-mail sobre as boas ações da Angelina Jolie, que mesmo sendo celebridade, mesmo sendo conhecida nos quatro cantos pelos lábios milhonários, fartos e carnudos, mesmo tendo um marido ultra-mega – hiper- power cobiçado e um mundo a seus pés, quis ela por os pés no mundo e ajudar comunidades, povos, tribos, grupos, pessoas, grandes e pequeninas ao redor do globo. Eis que o Tico foi caçar dentro do nosso território, qual parte do nosso povo era a mais necessitada e foi assim que conheceu o sertão alagoano.

Ele foi, não esperou acontecer.

Hoje ele encabeça o projeto amigos para sempre, que visa ajudar estas pessoas, dando a elas a mínima condição de vida, para que elas possam caminhar com suas próprias e subnutridas pernas. Muitos dos seus amigos embarcaram no projeto que hoje será transformado em poesia concreta através das fotos de Marcelo Bormac. Os rostos marcados como o chão duro e seco do sertão compõem a exposição Retrato de Um Sertão, no Ateliê Oral, Rua João Lourenço, 564, Vila Nova Conceição, São Paulo. As fotos à venda integram os projetos de arrecadação para o Amigos Para Sempre.

Que tal exibir uma parede politicamente correta em preto e branco como forma de colorir o sertão?




Para quem sempre quis uma foto assinada vai lá: são apenas 16 a R$ 800,00 cada no melhor estilo tupiniquim cult.

3 de abr. de 2008

Dani Expo




Desde pequena, quando eu pegava o giz de cera para desenhar lindos arco-íris nas paredes de casa, mamãe já sabia que eu seria uma artista, um talento nato. Enfim conquistei outras paredes que não a de casa, e com algo mais bem-humorado do que o infame arco-íris e as nuvenzinhas de chapéu de festa. (eu não era um mimo?)

Enfim, o Tico da BOBSTORE tinha lido algumas destas coluninhas aqui e me encomendou um texto sobre sua marca masculina que estava para sair do forno, a Los Dos – justamente sobre o lado anjo e o lado diabo do homem. Falar sobre a dualidade masculina para uma balzaca solteira e serelepe como eu é um prato cheio, né? Para a minha completa felicidade ele adorou e colocou estampado em anúncios, na sala dele e no provador da loja em Moema! (que por sinal inaugurou ontem, com convite intrigante: quem disse que o Diabo veste Prada é porque não conhece a LOS DOS.

Esse parceiro é tão incrível que não veste a camisa (que por sinal, agora é dele mesmo), mas veste a parede!!!




Segue a obra-prima na íntegra:

Existem dois tipos de homens: os apaixonados e os apaixonantes. Os primeiros são aqueles que os irmãos e primos indicam enquanto os segundos são eles próprios fora do ambiente familiar. Os apaixonados são os genros ideais, os maridos ideais os pais ideais. Os apaixonantes são de matar as amigas (e os amigos) de inveja, são safados no bom e no mau sentidos e não vão se casar nunca. O que separa estes dois indivíduos tão diferentes? Um bocado de experiências e uma pitada de tempo. Eles são dois lados de uma mesma moeda.


A maior arma masculina é essa alma repartida. A dualidade que reside em todos e em cada um deles mesclando com maestria suas porções anjo e diabo. Esta convivência é incompreensível a elas e, portanto, afrodisíaca. Nada é mais doce que submeter um sedutor; nada é mais quente do que braços protetores. E nada, mas nada mesmo é mais irresistível do que a possibilidade de transformar, afinal, elas nunca estão satisfeitas com o que têm. Um homem é uma tela em branco onde as mulheres querem pintar e bordar, e vice-versa.


Em sua porção ‘querubim’ têm sabor de ‘quero mais’: o sexo dos anjos é feito com amor e carinho. Estes homens abrem a porta do carro, mandam flores e convidam para jantares românticos. Eles não mentem (ou pelo menos o fazem raramente e com muita discrição...) e o look deles é caprichado, mas pensado para não ofuscar o delas.


Em sua faceta endemoniada exalam luxúria e fazem sexo vigoroso com carícias e volúpia. Acreditam na independência feminina: não abrem a porta do carro para que seu inebriante perfume fique mais concentrado e as abale (isto é: garanta o abate) já de saída, freqüentam lugares da moda onde podem ver e ser vistos e raramente ligam no dia seguinte. (Na semana seguinte, quem sabe...) Estes homens são irremediavelmente charmosos e estilosos dos pés à ponta dos cabelos.


O que seduz uma mulher? Pelo que ela quer se deixar conquistar? O homem correto é o certo... ou o errado? Ou talvez... “Los Dos?”



27 de mar. de 2008

Memória Curta, Passarela Longa


Estou recolhendo opiniões a cerca da pergunta: Por que os assessores de famosos (ou “wannabes”) são tão escrotos? É quase tão recorrente e tão curiosa quanto porque as mulheres vão juntas ao banheiro? Ou , porque os homens tem fascínio por esporte? (eu conheço uma boa parte da população paulistana que assiste qualquer tipo de jogo de qualquer time e de qualquer nacionalidade sempre que encontra o controle remoto indefeso e a poltrona defronte a TV vazia.)

Mas voltando aos quase famosos, ao assessores groupies. Se isso nunca aconteceu com você, certamente já ouviu alguma historinha bem infame das bibas bookers em agência de modelos, das assessoras de imprensas de globais, das primas, tios e irmãos empresários de BBBs, dos familiares de alguém que saiu na Caras na semana passada, ou quem sabe da manicure que atende a irmã da figurinista da novela das 8. O que se passa na cabeça destas pessoas? Estamos todos tentando fazer nosso trabalho, e o pessoal acha que é mais importante do que a figura – quase sempre nem tão importante assim – que eles acham que representam.


Eu estava com uma página de pauta sobre uma modelo que estampa algumas páginas de um editorial de inverno. Uma página sem ser editorial, sem vender nadinha de nada a não ser a imagem da ditocuja. Só mesmo para a falar da vida da beldade. Ué, Se fala tanto que modelo não tem conteúdo... poxa, era uma boa oportunidade para que a jovem fizesse uma narrativa muito fashion sobre antropologia cool, a zoologia dos tecidos, ou quem sabe de quantas hipotenusas se compõe um salto vírgula. Enfim, recebi da simpaticíssima booker “Silvinha” – essas pessoas nunca têm nomes convencionais com Paula, Lúcia, João ou Roberto, mas Beto, Kalú, Malú ou Pixú – um completíssimo “release” de quatro linhas e uma meia dúzia de marcas nacionais e internacionais elencadas. Dentre elas, umas quatro ou cinco eram a vougue em todas as suas facetas: RG, Brasil, jóias, se tivesse agenda brinde de final de ano da Vougue estaria lá na lista também. (isso me faz pensar que um santinho de fashion week pode ser um ultra nicho de mercado, ia voar pena pra ver quem era musa, “nossa sra cheia de graça” da vez.atrás, o manequim, cor dos olhos, peso, altura e nome bizarro e telefone do(a) booker metidinho do mundinho)
Enfim, essa era a vida da menina, quatro linhas. Quatro anos em quatro linhas, isso é que é carreira concisa. Milão, Paris, NY, Louis Vuiton, Cloé e Balenciaga. Pra que lembrar mais, né?


13 de mar. de 2008

Tempo sem fome ou fome sem tempo?

Eu sou uma contadora de histórias, para mim, a objetividade dá voltas em torno dos fatos até encontrar o melhor caminho. A leitura deve carregar as pessoas, cativar olhos ávidos e não apenas fornecer dados que os satisfaçam rapidamente. A atenção deve ser exigente e gulosa, não se entregar a pratos rápidos, sem calorias e sem sabor.

É aí onde encontro o foco do dilema que enfrento, da luta que travo contra o tempo. Como jornalista não posso me dar ao luxo de contar todos os detalhes que não cabem nos caracteres determinados, não posso degustar e depois avaliar o retro gosto das linhas.

Aprecio e invejo os objetivos, que não deixam a imaginação atropelar a eficiência. Mas me sinto só neste grupo de enroladores, de divagadores, navegadores de um mar sem porto.
Quanto mais maremotos melhor!


obs.: Esse mesmo tempo também não tem deixado que eu alimente o blog para que ele cresça esbelto e sadio.

18 de fev. de 2008

Infiel

Quem trai mais, o homem ou a mulher?
As porcentagens antes muito distintas estão se aproximando. O resultado de uma pesquisa com 1279 pessoas feita pela antropóloga Mirian Goldberg reunidas no livro Infiel de 2004, dizem que 60% dos homens trai, enquanto que 47% das mulheres o fazem. Será que eles sempre fizeram e simplesmente não contavam? Com mais independência a mulherada não precisa mais se esconder e nem se envergonhar???

A peça Trair e Coçar... está em cartaz há 21 anos (a peça de Marcos Caruso entrou para o livro dos recordes pelo feito!) As novelas, livros e filmes não se cansam de retratar o tema... Não custava revisitar: Post sobre traição e infidelidade no que se dani...


Versos Íntimos
Augusto dos Anjos

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija! "

14 de fev. de 2008

Folia – lado b

Festa, evento, show... O que é o Carnaval atualmente? Sim, porque é muito mais do que uma manifestação popular de música e dança, muito mais do que foliões fantasiados cantando e jogando serpentinas – aliás, a serpentina já é mais famosa por ser o tubo condutor que gela o chope e o confeti por ser um doce colorido com chocolate. De festa popular a espetáculo empresariado. Será que estamos privatizando o feriado ou globalizando sua estrutura para melhor atender aos conglomerados do entretenimento?

Posso estar exagerando, mas a amostra que vi pela TV este ano foi chocante. Alas e mais alas coreografadas, lindo, simplesmente lindo, mas de uma espontaneidade zero. As pessoas cantavam o samba em meio ao um-dois-três-e-quatro, cinco-seis-sete-e-oito... Outra coisa que chamou atenção foi a diferença feita pelo televisionamento entre RIO e SP, além de dar para ver essa diferença de propostas - em SP, um carnaval de avenida mostrado como menos evoluído, os integrantes brincavam e pulavam livremente - os efeitos especiais, as tomadas, os comentários, tudo leva a apresentação da capital carioca a propagar o que já acontece no universo das novelas.

Não vai surgir um carnaval minissérie? Estou à espera.

Enquanto isso fica que nem Tostines: aparece mais porque tem mais celebridade ou tem mais celebridade porque aparece mais?

Manifestações populares são coloridas e alegres em todos os lugares e seus defeitos e qualidades podem sim ser ampliados pelas “lentes” de quem vê. As lentes que magnificam os cachês das celebridades instantâneas e invadem a festa dos artistas. Um Carnaval que vende. Cotas de patrocínio, cervejas, revistas, jornais... Nas bancas as mulatas corpulentas, os decotes das atrizes, os deslizes dos cantores e não mais os cds de marchinhas, os colares de flores, a purpurina... a menina vestida de bailarina, o garoto de pirata...

Quem a Ivete vai agarrar este ano? Qual bloco terá mais pegação? Em Salvador se mostra a diversidade: samba, axé, frevo, forró, eletrônica, todos os ritmos misturados conferem ânimo a quem vai atrás do bloco ou atrás do abadá pro camarote, mas desconfigura um pouco a proposta inicial. O pitoresco rende-se ao que atende a maioria. A cultura engole sem mastigar novas referências e se transforma. Tenho um certo receio por ela, que não deixará de existir, mas terá sua alma diluída, digitalizada e distribuída. Que nem confeti...

30 de jan. de 2008

= >

Todos os lados da moeda

São todos(as) iguais, só mudam de endereço. Você pensou em que? Homens? Mulheres? Mães? Este dito popular se aplica a muitos exemplos, personifica muitos personagens em nossa volta, não escapam os filhos, os pais, o chefe, os estagiários - os dois últimos capítulos à parte na comédia da vida corporativa - os porteiros Zé, as empregadas que escondem tudo – mas juram de pés juntos que nunca nem viram o objeto perdido, os manobristas de mãos suadas (o que catzo eles estavam fazendo minutos antes de trazer o carro?!)...

O mais intrigante talvez seja perceber que sempre estaremos em alguma ponta desta expressão. Tá lá, no filme do super-homem, uma sábia e antiga profecia Kryptoniana: “The son becomes the father and the father becomes the son.”

Sim, até no caso do porteiro, da faxineira, da empregada e nos outros milhares de exemplos não citados dos quais você tentou tirar o corpo fora. Em todos os casos a gente se sente compelido a responder a criatura, a se questionar tentando entender a situação ou tentando ainda, fazer com que entendam a simplicidade da coisa que acaba tomando proporções maiores. Se a gente não discute, a conversa sem pé nem cabeça não se alastra. Por que temos isso em nossa natureza?

Outra coisa curiosa e recorrente neste tema porque somos iguais aos nossos pais? Não idênticos, mas acabamos pegando aquelas manias que a gente costumava tirar sarro como perder as chaves, esquecer os óculos, usar roupas desengonçadas porque são mais confortáveis... Eu tive a oportunidade de trabalhar tanto com meu pai quanto com a minha mãe e é fato, parentesco é que nem pólvora. Pude comprovar o que já observava entre sócios-irmãos (alguns ex-chefinhos...) os ânimos vão de zero a cem, a língua perde as travas e todos os outros em volta morrem de vergonha e constrangimento, mas sabem que em questão de horas tudo estará nos eixos novamente.

Pensando no Buda (ommmmmmmmm), tentei ver o lado positivo das coisas – é um exercício que tenho feito no último ano, parecia ótimo de início e muito cretino após um curto espaço de tempo, até que eu peguei a veia humorística da coisa. Tudo tem sim um lado positivo, mesmo que ele seja tragicômico. - Passei a reparar nas críticas trocadas, nos comportamentos ida-e-vinda e percebi uma grande fonte de autoconhecimento. Funciona como um espelho, do que mais te acusam, têm mais receio de ser acusados e no que você mais mete o pau é o que tem medo de fazer com os outros sem perceber. Tenha coragem de se perguntar se você tem uma característica familiar que abomina de verdade, tipo espelho espelho meu... Pode ser muito revelador. Já que você vai ser um dos lados da equação, que seja o mais simplificado, com menos incógnitas, sem raízes a extrair, seja a hipotenusa e vá na diagonal direto ao ponto... (Mas sem rodeios, porque aí tem que calcular o pi, com quatro casas depois da vírgula!)

Pense no provérbio alien, afinal se depois de viajar anos luz ele foi imortalizado pelo cinema, dele valer de alguma coisa:


"You will be different, sometimes you'll feel like an outcast, but you'll never be alone. You will make my strength your own. You will see my life through your eyes, as your life will be seen through mine. The son becomes the father and the father becomes the son."