Era uma vez...
Um gato freguês
Que, por pura avidez,
Me resgatou da solidão
Era um tipo empenhado,
E bem apanhado,
Que atuou um bocado
E
encenou ilusão.
Mas sabia bem ele,
Que jogo era aquele?
Por mais um causo
E louro e aplauso...
Olhou da coxia
A cor lhe sumia.
Percebeu-se do fato,
De que seu grande ato
Fora um escasso fracasso.
Ao descer a cortina,
Acenou com a mão,
Mas a sorridente menina
Não lhe deu atenção.
Onde ele aprendeu a jogar
Seu adversário, tem distinção.
Vingança e esperança
Engolfaram-se em seu coração.
O nó na garganta, de nada adianta
A quem não tem afeição.
Nem mesmo agora,
que olha pra fora
reconhece a Senhora,
menina-moça de outrora,
lhe deixa na mão.
Um nó e um embargo, um gosto amargo
pra quem já foi campeão.
Como a maré e a lua, quem falseia e atua
Não foge à oscilação.
Forte onda, redonda e cheia
Devolve a quem planta, o que semeia.