18 de fev. de 2008

Infiel

Quem trai mais, o homem ou a mulher?
As porcentagens antes muito distintas estão se aproximando. O resultado de uma pesquisa com 1279 pessoas feita pela antropóloga Mirian Goldberg reunidas no livro Infiel de 2004, dizem que 60% dos homens trai, enquanto que 47% das mulheres o fazem. Será que eles sempre fizeram e simplesmente não contavam? Com mais independência a mulherada não precisa mais se esconder e nem se envergonhar???

A peça Trair e Coçar... está em cartaz há 21 anos (a peça de Marcos Caruso entrou para o livro dos recordes pelo feito!) As novelas, livros e filmes não se cansam de retratar o tema... Não custava revisitar: Post sobre traição e infidelidade no que se dani...


Versos Íntimos
Augusto dos Anjos

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija! "

14 de fev. de 2008

Folia – lado b

Festa, evento, show... O que é o Carnaval atualmente? Sim, porque é muito mais do que uma manifestação popular de música e dança, muito mais do que foliões fantasiados cantando e jogando serpentinas – aliás, a serpentina já é mais famosa por ser o tubo condutor que gela o chope e o confeti por ser um doce colorido com chocolate. De festa popular a espetáculo empresariado. Será que estamos privatizando o feriado ou globalizando sua estrutura para melhor atender aos conglomerados do entretenimento?

Posso estar exagerando, mas a amostra que vi pela TV este ano foi chocante. Alas e mais alas coreografadas, lindo, simplesmente lindo, mas de uma espontaneidade zero. As pessoas cantavam o samba em meio ao um-dois-três-e-quatro, cinco-seis-sete-e-oito... Outra coisa que chamou atenção foi a diferença feita pelo televisionamento entre RIO e SP, além de dar para ver essa diferença de propostas - em SP, um carnaval de avenida mostrado como menos evoluído, os integrantes brincavam e pulavam livremente - os efeitos especiais, as tomadas, os comentários, tudo leva a apresentação da capital carioca a propagar o que já acontece no universo das novelas.

Não vai surgir um carnaval minissérie? Estou à espera.

Enquanto isso fica que nem Tostines: aparece mais porque tem mais celebridade ou tem mais celebridade porque aparece mais?

Manifestações populares são coloridas e alegres em todos os lugares e seus defeitos e qualidades podem sim ser ampliados pelas “lentes” de quem vê. As lentes que magnificam os cachês das celebridades instantâneas e invadem a festa dos artistas. Um Carnaval que vende. Cotas de patrocínio, cervejas, revistas, jornais... Nas bancas as mulatas corpulentas, os decotes das atrizes, os deslizes dos cantores e não mais os cds de marchinhas, os colares de flores, a purpurina... a menina vestida de bailarina, o garoto de pirata...

Quem a Ivete vai agarrar este ano? Qual bloco terá mais pegação? Em Salvador se mostra a diversidade: samba, axé, frevo, forró, eletrônica, todos os ritmos misturados conferem ânimo a quem vai atrás do bloco ou atrás do abadá pro camarote, mas desconfigura um pouco a proposta inicial. O pitoresco rende-se ao que atende a maioria. A cultura engole sem mastigar novas referências e se transforma. Tenho um certo receio por ela, que não deixará de existir, mas terá sua alma diluída, digitalizada e distribuída. Que nem confeti...